Uma fintech está comprando os direitos indenizatórios de pessoas que têm, ou já tiveram, veículos equipados com os chamados “airbags assassinos”, fabricados pela empresa japonesa Takata, que equipa modelos produzidos por quatorze montadoras como Toyota, Nissan, Fiat e Volkswagen. Os proprietários podem escolher entre receber R$ 350 em 60 dias, ou 70% do valor da compensação, caso a Ação Civil Pública em andamento seja vitoriosa.
A fintech responsável pela compra é a Regera, que também atua em causas de venda casada de carregadores Apple e Samsung e sobre o escândalo do Dieselgate, com a Volkswagen Amarok. A empresa falou com exclusividade à coluna que as compras devem começar em janeiro.
Segundo a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), o Brasil tem 4.352.428 automóveis envolvidos. No entanto, nem 50% dos veículos foram reparados. Até agora, atenderam ao recall 1.876.789 carros, ou seja, 43,1% dos modelos.
Por que os airbags são mortais?
Os airbags da Takata são protagonistas do maior recall automotivo da história mundial, com mais de 100 milhões de dispositivos afetados, 29 mortes registradas e centenas de feridos. O equipamento foi comercializado com um defeito no deflagrador, responsável pelo acionamento das bolsas de ar. Na ocasião em que o dispositivo gerou feridos, o deflagrador explodiu e rompeu a bolsa, lançando estilhaços de metal contra os passageiros.
Foram registrados no Brasil, três mortes por conta dos airbags e dezenas de acidentes. Atualmente há uma Ação Civil Pública em andamento contra as montadoras Toyota, Nissan, Fiat e Volkswagen, pedindo o pagamento de uma indenização de R$ 7 mil para os proprietário ou ex-proprietários de veículos equipados com a peça, e a troca imediata dos airbags defeituosos.
Indenização pode demorar 10 anos. As montadoras afirmam que o defeito é dos fabricantes de airbag, mas sabemos que elas têm uma responsabilidade. O escândalo envolvendo os acidentes explodiu há décadas, há quase 10 anos, a Honda – empresa que tinha mais carros com o equipamento – se antecipou e fez o recall. As outras demoraram muito para agir”, afirma. Apesar de ter boas expectativas sobre a ação, o presidente da entidade já adianta que o processo é longo, pode chegar ao STF e demorar até 10 anos para uma conclusão.
O que dizem as montadoras envolvidas?
A coluna do jornal OUL, entrou em contato com as montadoras citadas na Ação Civil Pública. A Toyota afirmou que está trabalhando para apresentar todos os esclarecimentos e evidências necessárias de que, desde o primeiro momento em que tomou conhecimento da existência do problema, sempre adotou todas as medidas do ponto de vista legal e em atenção seus clientes, haja vista “que qualidade e segurança são as prioridades da marca”.
Já a Nissan do Brasil afirmou que “apesar das dificuldades que os fabricantes de veículos e frentearam com a fornecedora Takata, situação agravada pela pandemia de Covid-19, lançou regularmente as campanhas de todos os veículos da sua marca consulte: https://www.nissan.com.br/proprietarios/recall.html e vem cumprindo com a substituição dos equipamentos, sem qualquer custo, bastando que os clientes agendem o serviço em uma concessionária Nissan de sua confiança, com horário de atendimento em dias úteis entre 8h e 18h”
Já a Fiat respondeu que “todos os proprietários dos veículos em questão já foram devidamente convocados pela montadora, conforme previsto pela legislação, para realizarem o reparo gratuito.” A Volkswagen não respondeu aos questionamentos até o fechamento da reportagem.
Quais carros fazem parte da ação?
Os modelos envolvidos na ação são os Toyota RAV4 (entre 1998 e 1999), Hilux (01/2015 a 10/2015), SW4 (01/2015 a 09/2015), Corolla (2002 a 2017), Fielder (2015 a 2017) e Etios (2015 a 2017). Entre os carros da Nissan, estão Tiida (2007 a 2012), Livina (2012 a 2014), Grand Livina (2007 a 2014), Livina X- Gear (2012 a 2014) e Frontier (2007 a 2014)
Essa publicação tem como fonte o jornal UOL